Marcelo Almeida do Nascimento

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Neste blog você encontrará os textos originais dos meus projetos literários, peças teatrais, roteiros e apresentação de jogos de tabuleiro. osbatutas@yahoo.com.br

Escrever para quê?

O título acima faz parte de uma discussão que termina na seguinte conclusão: Ler para quê? Há muitos anos tenho desenvolvido minha teoria a respeito dos hábitos da leitura e do gosto pela literatura. Por isso estou voltando a usar este blog para discutir um pouquinho sobre a falta de leitura e o comprometimento disso na escrita. Afinal, para que escrever se não há ninguém para ler.



quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Satisfaction

Acordei num pulo. Suava, ofegava e sentia um aperto no peito, uma angustia seca e cortante. Olhei ao lado e vi vários rostos me olhando. Rostos conhecidos, mas que eu nunca tinha visto antes. Entre eles estava um homem – parecia um homem, trajando um terno preto e um chapéu escuro, cuja aba cobria sua cabeça que ele insistia em manter abaixada, escondendo um rosto triangular, de onde descia uma barba avermelhada até a altura do peito. Não tinha mãos, mas sim cascos, como de cavalos, e um deles segurava de alguma forma um lixa de unha que utilizava no outro casco. Ele ria e balançava o corpo, e quando lhe fixei os olhos ele disse: “ Pronto para ir a floresta dos homens esquecida?” E ria. Ria. Ria. Sai correndo. Conhecia a floresta. Ficava no Campo Santo, onde muitos amigos e parentes foram fazer gealogia. Corria, e embora não quisesse ir para lá acabei chegando na sua entrada. Encontrei o mesmo tipo de antes, lixando os cascos, e me disse: “Nós que aqui estamos por vós esperamos!” Tentei fugir correndo, mas quando parei cansado vi que já estava lá dentro. Procurava entre os nomes que dançavam à luz do luar o meu nome, mas não o encontrei. Suspirei aliviado, feliz, contente em saber que tudo parecia não passar de uma alucinação. Eis que a figura misteriosa de antes apareceu na minha frente e urrou: “Seu nome lembra quem você é, e o que você fizer lembrará o seu nome”. Senti-me perante a esfinge, mas não me desesperei. Sabia o que ele estava querendo dizer. Voltei para casa. Reguei todas as plantas do jardim; liguei para a minha namorada e fizemos as pazes, sentei à mesa e escrevi tudo isso, para depois juntar com outras tantas coisas mais, e assim pôr o meu nome na floresta dos homens sempre lembrados.”

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