Marcelo Almeida do Nascimento

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Neste blog você encontrará os textos originais dos meus projetos literários, peças teatrais, roteiros e apresentação de jogos de tabuleiro. osbatutas@yahoo.com.br

Escrever para quê?

O título acima faz parte de uma discussão que termina na seguinte conclusão: Ler para quê? Há muitos anos tenho desenvolvido minha teoria a respeito dos hábitos da leitura e do gosto pela literatura. Por isso estou voltando a usar este blog para discutir um pouquinho sobre a falta de leitura e o comprometimento disso na escrita. Afinal, para que escrever se não há ninguém para ler.



sexta-feira, 18 de março de 2011

A Individualidade Social

A INDIVIDUALIDADE SOCIAL

Decisões individuais acarretam conseqüências sociais
que são recebidas e sentidas por outras pessoas. Não
temos a noção de que nossos atos, os mais ínfimos ou
inocentes que possam parecer, acabam gerando
conseqüências enormes e terríveis em outras pessoas. A
vida individual em sociedade gera uma realidade idêntica
à teoria do caos, onde, sinteticamente falando, os
comportamentos casuais ou aleatórios - no sentido de
nossa idéia os relacionamentos sociais - são
governados por leis e estas podem predizer dois
resultados para uma entrada de dados (ou ações). O
primeiro resultado é uma resposta ordenada, cujo
futuro dos eventos ocorre dentro das margens
estatísticas de erros previsíveis. O segundo é também
uma resposta ordenada; porém, sua resultante futura é
caótica. Ocorre uma contradição em um determinado
ponto que gera esse resultado incomparável.
A guisa de exemplo podemos citar as ondas que se
formam em uma piscina quando jogamos uma pedra. As
ondas que se criarão serão previsíveis e perfeitas.
Mas, se no fundo da piscina, houver uma camada de
areia finíssima, a evolução dessas ondas também irão
repercutir nessa areia. Serão caóticos os resultados,
uma vez que não há uma interação direta com as ondas
superficiais, mas seguirão um padrão em seu movimento.
Se analisarmos abstratamente a relação humana veremos
que a teoria do caos se enquadra perfeitamente nela. O
fato de um ser humano escolher levar uma vida regrada,
se formar, trabalhar, casar, ter filhos, viver uma
vida calma e tranqüila resulta em uma vivência em
sociedade dentro dos padrões. (ele pagará impostos,
impulsionara a economia, gerara filhos, etc.). Porém, a
simples razão dele assim agir também gera um resultado
caótico e sem previsão referente ao restante da
sociedade. Ele se enquadrará no meio em que escolheu
viver? Como se sentem aqueles que estão abaixo ou
acima do seu padrão de vida? O futuro, que num
primeiro momento resulta em um padrão normal, acaba se
tornando caótico se refletido à luz da sociedade. Ou
seja, a individualidade gera um caos infinito nos
demais membros e divisões sociais.
A individualidade é inerente ao homem. Porém, ela não
é única. É formada por uma superposição de sentimentos
e anseios, positivos e negativos, que vão se
acumulando, se auto-rejeitando ou se realocando dentro
de uma personalidade sempre moldável até que barra num
ponto de saturação. Isso ocorre quando o homem já não
se sente sensível a determinadas causas e efeitos
exteriores e interiores. Ele dá, de forma autoritária
e preconceituosa, por encerrado o seu estado de
evolução. Nada mais lhe importa. Nada mais lhe diz
respeito. Cria dentro de si mesmo a idéia de que não
tem mais nada para apreender nem ensinar. Esta
saturação da personalidade também causa o caos, pois o
fato de não haver movimento social - este indivíduo se
torna estável, intransigente e insensível a qualquer
mudança em relação á sociedade, também implica em um
resultado diferente daquele previsível. Embora
saibamos que não podemos contar com ele, sua presença
se faz insofismável. E, portanto deverá ser
contabilizado, ou socializado, em uma sociedade.
Além da inércia dogmática acima descrita, a
individualidade plural, ou seja, aquela que se adapta
a várias situações, também cria um caos intangível
dentro da sociedade. Tem-se assim um indivíduo sem
padrões pré-definidos, que se contradiz em si mesmo
constantemente, e se recolhe dentro dessa sua
interioridade exteriorizada, quer dizer, das suas
concepções baseadas nas concepções dos outros. Este
indivíduo, ao que, lembrado a teoria do caos, pode ser
denominado por uns como atencioso, prestativo,
dinâmico e sociável, num segundo resultado torna-se um
ser desprezível, apático e ineficiente, pois não
constrói nenhum paradigma social, não introduz
conceitos, apenas serve.
Visto assim, podemos concluir que a individualidade é
uma dialética constante, onde a demonstração de uma
faceta de uma determinada personalidade incide em dois
tipos de resultado: o óbvio (uma pessoa feliz sempre
irá sorrir quando estiver presente em momentos
felizes) e o caótico ( e procurará se eximir de tomar
partido em situações tristes, deixando assim de agir
quando for necessária sua participação).
Pluralidades não devem ser postas sem necessidade.
A natureza é econômica, isto é, sempre quando houver
dois caminhos que levam à verdade, vale o mais
simples.
Pois, se nem a matemática é exata, o que se falar da
natureza humana...